segunda-feira, 30 de julho de 2012

chama



Acho que foi um dia que me peguei procurando seu rosto numa sala de embarque lotada. Sexta-feira fim do dia, quando o mundo resolve viajar. Eu olhava pra todos os lados, esperando ser surpreendida pelos seus olhos. Olhos que deviam estar aonde? Panamá? Colômbia? Com certeza, não ali. Olhos que, quando você me perguntou na praia, eu não consegui definir a cor. Azul, diria agora, mais de mês depois.

Percebi que te procurava ali sem pensar. Talvez por nossa despedida ter uma sala de embarque como palco. E por você ter me acompanhado com os olhos até eu sumir naquele corredor que suga a gente pra dentro do avião. Eu que tento parecer forte em despedidas, não conseguia parar de olhar pra você. Não sabia - e ainda não sei - se aquela seria a ultima vez que eu ia olhar pra você. Quis aproveitar até o ultimo segundo possível. Quis - e ainda quero - viver cada pedacinho dessa historia maluca. Que começou do jeito que sempre sonhei, se desenrolou do jeito que eu sempre sonhei, se apresentou através de você: um cara do jeito que eu sempre sonhei. Medo de ser obrigada a acordar, de mandarem meu sonho pra Sibéria. 

Voltando pra sala de embarque, vez ou outra, acabava topando o olhar com um desavisado perdido por ali, que me encarava. Não amigo, não é você que eu estou procurando. Não foi você que decidiu passar os últimos dias no país comigo. Não foi você que pegou um avião pra me encontrar, pra me encantar um pouquinho mais. Pra me deixar assim, desarmada, perdida, em duvida. Dentro de toda dificuldade que tenho pra planejar a vida, você foi um fator a mais pra bagunçar tudo. Te ofereço meu amor, meu calor, meu endereço. Aceito seu endereço também, seja lá onde ele for. Como falamos no ônibus, a caminho do aeroporto, nossos caminhos sem rumo podem se cruzar de novo, e a gente pode se esforçar pra isso. Basta querer. E olha, eu quero. Quero pegar um outro vôo, pra onde quer que você esteja, levar minha câmera e tirar fotos suas. Quero te ensinar sobre Vinicius de Moraes, sobre musica brasileira. Quero aprender sobre os países que você morou, as causas pelas quais lutou. Quero aprender espanhol! Quero aprender a te ter por perto. Quero te ensinar a não viver sem mim.

Portanto mi cariño, acho que não vou parar de te procurar por aí. Não vou parar de procurar seus olhos em todas salas de embarque que estiver. Não vou parar de imaginar como vai ser nosso encontro, se num aeroporto, você me esperando no meio daquele aglomerado de gente. Não vou chegar na hora marcada, prometo. Enfim vou achar seus olhos, e você vai achar os meus, como no dia que nos conhecemos. Eu vou largar meu carrinho - ou se só com uma mochila, jogar ela no chão - e correr pra você. O abraço vai ser daqueles longos, cheios de sentimento, cheios de carinho. As pessoas em volta, se é que a gente vai conseguir ver algo em volta, vão parar e olhar pra cena. Quando enfim acabar o abraço, você vai colocar meu rosto no meio das suas mãos (fazendo meu rosto ficar pequenininho no meio das suas mãos enormes!), igual fez na praia. Você vai olhar bem no fundo dos meus olhos, já completamente cheios de água, e vai falar meu nome. 

you made it. yes, I'm here.

E que seja infinito enquanto dure.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

stay in the afternoon and left at night

sabe quando fica difícil respirar, e você torce muito pra ser só o tempo seco? 


porque se não o tempo seco, de onde vem essa falta de força, essa dificuldade de achar o ar...