segunda-feira, 25 de julho de 2011

time will change your ways

Por um acaso, tive que comprar passagens de volta na classe executiva: um dia antes de finalizar a compra das passagens pra viagem de ferias com minha família nos EUA, ainda tinha ida e volta econômica. Atrasei pra comprar! Ou pagávamos um pouco mais e eu ia na executiva ou não ia. Ok, a volta, depois de um semestre lotado, fim de semestre corrido e 15 dias batendo perna em ny vai ter de ser nas poltronas grandes. Ok, I can deal with this. Três taças de vinho e um jantar gigante depois, Madleine Peyroux canta "Don't wait too long" no meu ouvido. Engraçado. Nos últimos anos, não tenho conseguido esperar por nada, não tenho conseguido fazer planos. Acho que não tenho deixado muita coisa passar. Como diz na música: "If you think that time will change your ways, don't wait too long". Pra mim, uma virgianiana, foi muito difícil encarar que, por um tempo, a vida seria isso: no plans. Tenho me virado bem e tenho gostado de como as coisas tem seguido. Vejo muitos amigo com uma vida super estável, programada. Inveja? Nãããooo. Fiz questão de excluir essa palavra da minha vida o máximo possível (nem uso o esmalte lindo 'Inveja Boa' pois não gosto do nome). Apenas escolhas diferentes. Ser 'solta' demais tem suas desvantagens, mas são muitas as vantagens também. Tenho o privilegio de poder arcar com minhas escolhas, tenho como viabilizar as coisas que quero. Passo apertos de grana vez ou outra. Mas tenho uma rotina flexível, estudo algo que amo, viajo quando quero. Escolhas. Saber que a qualquer momento tudo pode mudar ajuda a aproveitar bastante cada momento. Não ao máximo. Me acho muito preguiçosa pra dizer que aproveito TUDO ao máximo. Mas aproveito no meu limite. Putz, talvez viver é isso, né? Aproveitar ao máximo, da melhor forma possível o que te aparece, o que você constrói. Deitar na grama, tirar o sapato, ler quadrinhos, tomar banho cachoeira, brincar com os cachorros, passar tempo com a família, falar besteira, cultivar boas amizades, ouvir rock'n'roll, ir ao show do Ozzy. Falar sem medo que gosto disso tudo sim, que um dia vou ter um sabre de luz (ou um abajour de sabre de luz...). Tanta gente tem medo do simples, de falar, de entender o que sente. Uma pena. Amar esmaltes e maquiagens e querer encontrar uma solução pra uma 'sustentabilidade' (entre aspas, pois o termo é controverso demais...) é antagônico? Sei lá... Sei lá por que exemplificar com isso. Exemplo é bobo. Mas a inquietação é real.

Freak show no Central Park

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Daytripper, yeah

Vontade de escrever pra não deixar passar o sentimento, a emoção, a lágrima. O momento.
Li a Daytripper 1 a mais de um ano atrás. Hoje, em Nova York, primeiro dia sem a família (primeiro dia fazendo o que der na telha), fui a uma Comic Shop. Mais pra conhecer, saber o que tinha por la. Curiosidade. A única revista que eu tinha certeza que ia procurar era a edição completa da Daytripper. Feliz resolução. Comecei a leitura no almoço solitário: ravioli, limonada, café, Cheesecake e Daytripper. Cada pedido servia pra aumentar meu tempo ali, lendo. Quando o garçom colocou o café na mesa (expresso, forte mas com açúcar), li: "there's always peace in a strong cup of coffee". Pronto, tava la. Dali pra frente, referencias seguidas a minha vida, minha infância. O nome Ana, os origamis. Acabando o almoço (e não a revista), cruzei o Central Park a caminho de casa. Resolvi sentar numa sombra e ler mais um pouco. Inicio de uma viagem: pés e bunda na grama (vestido era curto...), sai da Terra. Ri, chorei, fiquei imóvel por vários minutos. No fim, uma palavra: LINDO. Sou uma suspeita grande admiradora dos autores. Mas estou ciente que acabo de ler das coisas mais lindas da minha vida. Como tantos outros leitores (creio), sinto que foi escrito pra mim. Como acontece na historia, sinto que conheço os autores. Assim que acabei de ler, enxuguei as lágrimas e voltei pro mundo. Vi que ele tava diferente. Soube então que tinha passado por um daqueles momentos únicos: os que fazem a vida valer a pena.
Obrigada Fábio, obrigada Gabriel. Por tornarem minha vida mais alegre, mais leve. Por verem de uma forma tão delicada coisas tão difíceis de encarar. Ainda tenho muito o que processar do texto, algumas mortes a identificar no meu caminho. Obrigada por isso. Obrigada Fábio, obrigada Gabriel.
No caminho de casa, ganhei sorrisos.