terça-feira, 26 de maio de 2009

About

Eu tenho 26 anos, sou mineira de Beagá, engenheira florestal. Escolhi essa formação porque queria contribuir de alguma forma com as coisas que não vejo como certas. Como nunca levei jeito pra política, não sou criativa pra artes, resolvi trabalhar na área ambiental.
Moro há um ano e meio sozinha, longe da minha família e dos meus amigos. Tenho uma cachorrinha salsicha chamada Branca Margarida, que usa uma fitinha rosa do Senhor do Bonfim de coleira. Converso tanto com ela que até acho que ela responde.
Acredito em signos e acho que sou mais tensa por ser virginiana. Tenho um tanto de mania... só lavo louça de luvas, só uso grafite 2B e caneta azul. Adoro cheiro de chuva e de amaciante. Adoro programa do Chaves, The Office, The Family Guy e lógico, Simpsons.
Depois de 10 anos, recomecei a ler Grande Sertão: Veredas. Amo biografias. Me apaixonei pela Carmen Miranda depois de ler a dela. Tô na fase de biografias musicais: Carmen, Nara e Tim. Acho O Apanhador no Campo de Centeio fantástico e que o Pé na Estrada do Kerouac é obrigatório. Não gostava de poesia até conhecer o Drummond e o Vinícius.
Sou apaixonada por quadrinhos. Acho que começou com a turma da Mônica. Quino é genial, mas elegeria o Henfil como mestre. Quando tinha uns 10 ou 11 anos ganhei uma coleção de revistinhas da DC de um primo. Foi quando me apaixonei pelo Batman, Alex Ross, Guy Gardner, Frank Miller, fase cômica da Liga da Justiça, Novos Titãs. Hoje acompanho pelos sites os cartunistas brasileiros que gosto: Angeli, Adão, Laerte... tenho tirinhas deles recortadas de jornal de uns 15 anos atrás. Gosto muito do Dahmer, Salimena, Bichinhos de Jardim, Arnaldo Branco, Sica, Benett, Carranza, Chiquinha, Magias & Barbaridades, Ryotiras, Wagner & Beethoven. O Quase Nada do Bá e do Moon me emociona. Na verdade, tudo que já li deles - praticamente tudo - me emociona. E muito.
Solteira. Perdi um pouco da fé nos homens. Ok, sou exigente e chatinha assumida. Nunca trai, mas não acredito em fidelidade. Adoro sair, detesto cantadinhas e que encostem muito em mim. Vi em algum lugar uma descrição que serve pra mim: sei que não sou incrivelmente bonita, não sou especialmente inteligente nem totalmente sincera, mas sou uma mulher de verdade.
Minha família e meus amigos são importantes demais. Tenho costume de cuidar das minhas amigas. Elas me acham muito sarcástica. Uma delas levou um susto outro dia, quando mostrei pra ela a foto do vestido de noiva dos meus sonhos. Ela nunca achou que eu fosse chegada nessas coisas de mocinha.
Em musica, gosto de quase tudo. Quando não sei o que quero escutar, coloco Cake que dá certo. Adoro samba, frenquento sambas mas não sei sambar. Uma amiga me disse que pra sambar bem é só não olhar pros pés, e balançar a pélvis como Elvis. Sei não. Um samba: O sol nascerá. De eletrônicas, House salva a pátria. Tive fase adolescente roquenrou e ainda gosto muito daquilo tudo. Ramones é fantástico, Jorge Ben me empolga. Mutantes, Tropicália e Secos & Molhados também. 70% do que escuto foi feito antes que eu nascesse. Do que veio depois disso: Roberta Sá, Camelo, Céu, PLAP, Little Joy, Mundo Livre, Escambo, Graveola, Pato Fu, Seu Jorge, Mombojó. Tenho flertado com o Jazz. Costumo tomar como verdade as letras de musica e poesias que gosto.
AMO cerveja! Adoro experimentar novas marcas e tipos. A Colorado Apia foi a melhor dos últimos tempos.
Nunca sei como finalizar os textos... costumo deixar reticências com a ultima coisa que consegui pensar. Pura incompetência e falta de vergonha na cara.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para uma menina com uma flor

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, que aliás você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.


E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras. E porque você quando sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre num nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, como uma santa moderna, e anda lento, a fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der aquela paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.


E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta mas não concorda porque é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara– na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando. E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.


E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as outras mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse, cantando sem voz aquele pedaço em que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.


E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora – tão purinha entre as marias-sem-vergonha – a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nestas montanhas recortadas pela mão presciente de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa. E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos – eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfeitando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações – porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.



Vinícuis de Moraes in Para uma menina com uma flor (crônicas)